A confiança é o pré-requisito básico para criarmos relações. Mesmo que não confiemos nas pessoas, individualmente, confiamos em instituições ou intermediários para consolidar qualquer transação, inclusive de afeto. No que consiste a confiança? O que significa dizer que confiamos em algo ou alguém?
Essas são perguntas muito subjetivas. Cada pessoa adota critérios próprios de decisão para confiar. Entretanto, no geral, a experiência e a consistência parecem ser elementos que contribuem para o aumento da confiança, pois reduzem os riscos de imprevisibilidade das relações futuras.
A sociedade, em todas suas esferas, depende da confiança. Em especial, a economia não existiria sem confiança. Se não confiássemos nos bancos, a movimentação de capital seria restrita e os investimentos, muito menores. Se não confiássemos nas empresas, não consumiríamos seus produtos, e assim por diante.
Mas confiar é uma decisão humana e, como tal, está sujeita a erros e manipulações. Podemos confiar bem ou mal. Será que existe uma forma universalmente válida e objetiva de mensurar a "confiança" de pessoas e organizações? Acredito que não. Ainda assim, sobram tentativas de criações desse gênero.
No livro "Who can you trust?", Rachel Botsman traz reflexões e exemplos práticos de como os parâmetros de confiança evoluíram nas últimas décadas, tornando-se cada vez mais essenciais. A autora possui duas apresentações no TED que resumem bem os argumentos trazidos no livro. Entender como as pessoas confiam é entender como as pessoas se relacionam. Não podemos prever o futuro, mas podemos ter uma noção muito mais apurada se passarmos a considerar essas transformações. Por isso, sugiro a leitura do livro e deixo os vídeos para atiçar a curiosidade do leitor sobre o tema.
Passagens destacadas do livro:
"Em Quem Você Pode Confiar? traz uma teoria, uma afirmação ousada: estamos no começo da terceira e maior revolução da história da humanidade. Quando olhamos para o passado, podemos ver que a confiança passou por diversos estágios. O primeiro foi local, quando vivíamos dentro dos limites de comunidades pequenas onde todos se conheciam. O segundo foi institucional, uma espécie de intermediário confiável que percorria uma variedade de contratos, cortes e marcas corporativas, liberando o comércio das transações essencialmente locais e criando as fundações necessárias para uma sociedade organizada de forma industrial. E o terceiro, ainda muito recente, é a confiança distribuída" (tradução livre).
"A confiança distribuída explica porque agora nós avaliamos e classificamos freneticamente tudo, desde restaurantes até atendentes robóticas e motoristas do Uber (e porque passageiros também são avaliados), contribuindo para formar, quase instantaneamente, o surgimento de todos os tipos de negócios, enquanto também criamos rastros de reputação onde um erro ou má conduta tem o potencial de nos seguir para o resto da vida" (tradução livre).
"É difícil para pontos de vista alternativos e informações contraditórias adentrarem a bolha de ressonância de alguém. Na maior parte, vemos ideias e notícias com as quais somos propensos a concordar" (tradução livre).
"A blockchain oferece um novo modelo de confiança, onde esta não precisa ser intermediada por uma autoridade central como os governos ou bancos, mas onde pessoas que poderiam ou não confiar em si mesmas em outras circunstâncias tem a possibilidade de concordarem com determinadas condições ou registro de eventos" (tradução livre).
"[...] uma questão essencial sobre confiança: a ilusão da informação pode ser mais perigosa do que a ignorância" (tradução livre).
"[...] mas parece que ainda queremos ser capazes de lavar as mãos e dizer 'Foi ideia dele', ou perguntar 'Quem está no comando aqui?'" (tradução livre).
Compre o livro (inlgês) pelo link de associado da Amazon, assim você ajuda a autora conseguir mais créditos na loja, para novas aquisições e mais resenhas neste blog.