Tem uma música da Tulipa Ruiz que eu amo de paixão: dois cafés. A letra é leve, a melodia agradável, e só de ouvi-la meu estado de espírito melhora. Gosto da companhia da música, alivia o sentir-se só. Também gosto de literatura e poesia, capazes de traduzir emoções em palavras e oferecer compreensão.
Algumas músicas parecem que foram escritas especialmente para as minhas memórias pessoais, mesmo o/a compositor/a não fazendo a menor ideia de quem sou eu e da minha vida.
Eu sofro de ansiedade crônica. Não faria nenhum sentido gostar do estilo "paz e amor" da Tulipa, mas eu gosto. Eu gosto de opostos... e de Adriana Calcanhoto também. Nós duas temos a melancolia em comum.
Meus opostos atraem e repelem.
Tem dias que tenho acesso ao Livro Sagrado e sou aquela que irá conduzir alguém à terra prometida; outros, sou ordinária e histriônica.
Dias que ouço Tulipa Ruiz; outros, Charlie Brown.
Dias que saio para correr antes das 6 a.m.; outros, afogo-me no sofá com chocolate quente.
Dias que peço mesa para um; outros, para dois.
Dias que lembro daquela história e penso se poderia ter outro final e cogito insistir mais um pouco; outros, aceito os finais escritos e me resigno.
São poucas coisas que busco preservar todos os dias: coragem, esperança e bondade.
Coragem para não achar que o dia bom será eterno, tampouco o dia ruim.
Esperança para acreditar que existem dias bons no futuro.
Bondade para evitar repetir os dias ruins do passado.
Agora, a música Dois cafés: um para mim e outro para você, aí do outro lado.