Texto de Tami Forman, disponível em sua versão original (inglês) clicando aqui. A autora expressamente autorizou a tradução e compartilhamento do texto.
Nota da autora: eu escrevi esta coluna para Forbes no final de 2017. A princípio não obteve muitos acessos e isso não me surpreendeu. Eu não esperava que a mensagem fosse popular. Mas em algum momento ela foi compartilhada e os acessos explodiram. Foi minha coluna mais popular na Forbes e a página obteve mais de meio milhão de visualizações. Também é, por coincidência, uma das minhas colunas preferidas. Espero que você a aproveite também.
A forma como cuidar de si é representada atualmente está completamente ao contrário. Primeiramente, cuidar de si é um conceito quase exclusivamente associado às mulheres (geralmente mulheres ricas e brancas que podem financiar bens e serviços que são comercializados como cuidados pessoais). A sugestão nada sutil é de que mulheres precisam ser lembradas de cuidar de si mesmas, porque, afinal de contas, estão tão ocupadas cuidando de outras pessoas. Outra sugestão menos sutil ainda é que, apesar de cuidar de nós mesmas, não estamos eximidas de cuidar dos demais.
Isso traz o segundo ponto em que a noção sobre cuidados pessoais está invertida – é caracterizada como indulgência. Isso significa tanto que a prática de cuidados pessoais é algo ocasional como que deve assemelhar-se à autoadulação. Pensamos em produtos de banho caros, chocolates luxuosos e agendamentos no spa. Quanto mais tempo falamos sobre benefícios de lençóis de muitos fios como se cuidado pessoal fosse, mas menos sobre a qualidade e quantidade de sono adequadas, estamos longe de atingir mente e corpos sãos.
Cuidado pessoal não é indulgência. Cuidado pessoal é disciplina. Requer uma mente forte, entendimento profundo e pessoal sobre suas prioridades e respeito tanto por si mesmo como pelas pessoas com as quais você decide dividir a vida.
Por exemplo, cuidado pessoal é:
Se formos honestos, cuidado pessoal é um pouco entediante. Por esse motivo é disciplina. É necessária disciplina para fazer aquilo que é bom para nós no lugar daquilo que nos dá prazer momentaneamente. É necessária mais disciplina ainda para recusar responsabilidade pelo bem-estar emocional de outras pessoas. Ainda, disciplina é importante para assumir responsabilidade pelo nosso próprio bem-estar.
Outra razão pela qual cuidado pessoal é disciplina é a regularidade com que é praticado, não sendo algo ocasional para qual recorremos quando as coisas fogem do controle. É um exercício diário, semanal, mensal. É cuidar de si de uma forma que não requer autoadulação para reconquistar o equilíbrio. É estar comprometido em manter-se saudável e equilibrado(a) como hábito regular.
Ironicamente, quando realmente cuidamos de nós, exercitando toda a disciplina que isso requer, estamos melhores preparados para prestar assistência àqueles próximos de nós. Sermos pais/mães melhores, cônjuges mais gratos e colegas mais engajados. Aqueles que cuidam de si da forma correta possuem energia para auxiliar outros alegremente, porque essa assistência não demanda esforço nem assumem responsabilidade pelo bem-estar alheio. Também possuem energia para realizar trabalhos com significado e propósito em face de um objetivo. Isso significa que essas pessoas são provavelmente as que fazem do mundo um lugar melhor para todos.