Primeiramente, averiguei que não se tratava de um livro de autoajuda, logo percebi que não. Trata-se mais de um relato da experiência do autor sobre elementos e fatores da vida que, segundo ele, contribuem para felicidade do homem.
A partir do estilo da narrativa que predomina, tem-se a impressão que o autor trabalhou como psicanalista por algum tempo: o livro é um relato dessa experiência. Está dividido em duas partes: causas de infelicidade e causas de felicidade, nessa ordem. A maior parte delas já deve ser familiar para a maioria, mas a perspectiva e as reflexões trazidas são originais.
Fui criada na igreja cristã e o livro me lembrou vários valores e histórias da Bíblia, entretanto, apresentados de uma forma secular, cética e, em certa medida, científica. Isso chamou muito a minha atenção. Atualmente sou agnóstica, não possuo religião, mas admiro lições valiosas aprendidas na igreja. Este livro resume tais valores que, independente de religião, estão presentes na sociedade e contribuem para sensação de uma vida bem vivida.
Depois de concluir o livro, pesquisei mais sobre o autor e descobri que uma de suas últimas obras foi a autobiografia. Ainda não tive oportunidade de ler esta obra, mas várias críticas indicam o “decálogo” como elemento de destaque. Este “decálogo” é um código de conduta elaborado pelo autor ao final da vida, como consolidação de conselhos de vida para as gerações posteriores. Não se tratam de regras nem mandamentos, ao contrário, é um guia moral que o autor criou e aplicou em sua vida.
Assim como os cristãos têm os dez mandamentos como orientação moral, como agnóstica, o “decálogo” foi o mais próximo que encontrei de um guia moral para céticos. A seguir compartilho o “decálogo” e alguns outros trechos da obra “A Conquista da Felicidade” que me chamaram mais atenção.
Não se sinta absolutamente certo de nada;
Não pense que vale a pena produzir crença através da ocultação de evidências, pois as evidências certamente virão à luz;
Nunca tente desencorajar o pensamento, pois você certamente será bem-sucedido;
Quando você se deparar com oposição, mesmo que seja da parte de seu marido ou de seus filhos, dedique-se a vencê-la com argumentos e não com autoridade, pois uma vitória que depende apenas da autoridade é irreal e ilusória;
Não respeite a autoridade, pois sempre haverá outras autoridades com opiniões contrárias;
Não use o poder para suprimir opiniões que você acha perniciosas, pois se você o fizer, as opiniões suprimirão você;
Não tenha medo de ter opiniões excêntricas, pois cada opinião hoje aceita já foi excêntrica um dia;
Encontre mais prazer no dissenso inteligente que no consenso passivo, pois se você valorizar a inteligência como deveria, o primeiro implica uma concordância mais profunda que o segundo;
Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo quando a verdade for inconveniente, pois é mais inconveniente quando você tenta escondê-la;
Não tenha inveja da felicidade dos que vivem em um paraíso de tolos, pois apenas um tolo pensaria que aquilo é felicidade.
A Conquista da Felicidade, Bertrand Russel
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