Os jovens foram criados para acreditar que deveriam estudar, possuir um emprego, criar uma família e assim cumprir sua função na sociedade. No entanto, surgiram robôs mais rápidos e eficientes, para funções antes ocupadas por humanos. Uma boa notícia, a princípio: agora esses jovens podem desempenhar tarefas mais interessantes e desafiadoras, menos mecânicas. Cada vez mais produtos são entregues a partir de uma necessidade gradativamente menor de trabalho humano. Uma demanda crescente de energia e outros recursos naturais para um planeta degradado e poluído, que não consegue regenerar-se na mesma velocidade dos nossos apetites.
O que fazer?
Não pretendo fazer uma crítica ao modelo capitalista e um apelo socialista. Particularmente, sou grande entusiasta da tecnologia e defensora das liberdades civis e individuais. Trata-se de um questionamento sincero: o que fazer com uma multidão de cidadãos inúteis? Essas são pessoas que se sentem, com razão, enganadas por uma cultura fundamentalmente baseada na ideia do emprego e do mérito. Profissionais excelentes e excedentes.
O que fazer?
Renda mínima universal.
Talvez, mas como controlar a inflação?
Reduzir o tamanho da população.
Talvez, mas como? Impedir as pessoas de criarem uma família, limitar uma liberdade tão fundamental? E com os que já nasceram?
Colonizar outros planetas.
Talvez, é uma opção que conta com muito investimento e esperança, mas ainda é incerta e de longo prazo.
Esperar para ver no que vai dar?
Talvez, mas não seria isso uma irresponsabilidade, uma injustiça tremenda, com os que nada podem fazer para se salvar?
O trabalho dignifica o homem. Não podemos privar ele disso. A família é a instituição social fundamental. Não podemos restringir as escolhas privadas sobre filhos. O problema é sério e as alternativas são cruéis.
"A gente somos inúteis". Assim o somos porque alcançamos o sucesso, desafiamos os limites da nossa própria produtividade. Construímos criaturas e sistemas mais eficientes que nós mesmos. E agora? "Nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação?"
Há quem defenda que o sucesso da expansão do Império Romano foi a verdadeira causa de seu declínio. Todas as riquezas contribuíram para a expansão de hábitos viciosos e o excesso de frivolidades. Com isso, aqueles que antes eram referência de grandes líderes e guerreiros, tornaram-se preguiçosos e fracos: alvo fácil para inimigos.
"Todavia, o declínio de Roma foi a natural e inevitável consequência da grandeza imoderada. A prosperidade fez com que amadurecesse o princípio de decadência; as causas de destruição se multiplicaram com a extensão das conquistas; e tão logo o tempo ou os acidentes removeram os sustentáculos artificiais, a estupenda estrutura desabou sob seu próprio peso. A história da sua ruína é simples e óbvia; em vez de perguntar por que o império romano foi destruído, devemos antes surpreender-nos de ele ter durado tanto. As legiões vitoriosas, que em guerras remotas adquiriram os vícios de estrangeiros e mercenários, primeiro tiranizaram a liberdade da república e mais tarde violaram a majestade da púrpura. Os imperadores, preocupados com sua segurança pessoal e com a ordem pública, viram-se reduzidos ao vil expediente de corromper a disciplina que as tinham tornado temíveis ao seu soberano e ao inimigo; relaxou-se a energia do governo militar, e finalmente dissolveu-se com as instituições facciosas de Constantino; e eis que o mundo romano foi engolfado por um dilúvio de bárbaros" (GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano, p. 483).
Será que estamos ultrapassando nosso prazo de validade? Mal interpretamos a inevitabilidade do apocalipse? Estamos em uma encruzilhada e as decisões que tomarmos hoje terão grande impacto no nosso futuro como espécie e sociedade. Os Império Romano ruiu; os romanos existem até hoje, os bárbaros também.
A história da humanidade está repleta de situações dessa espécie: aparentes apocalipses. Nenhum igual ao anterior, mas todos importantes para a organização da vida que conhecemos hoje. A Era dos Extremos - como Hobsbawm define o Século XX - atraiu nossa atenção para os conflitos, em detrimento do "chão em comum". Sobreviver é o desafio de todos, independente de nacionalidade, ideologia, etnia ou qualquer outro fator.
Ser um ativista ambiental, além de contribuir para salvar o planeta, pode ser mais vantajoso do que parece. Conheça o "Clima-te" e inspire-se.
Ser um consumidor consciente e um(a) cidadão(ã) social e politicamente ativo. Não compre de empresas indicadas nas "lista-sujas" divulgadas por organizações fiscalizadoras, governamentais e não governamentais.
Engajar-se em trabalhos voluntários e defender as causas em que acredite: educação; proteção de idosos, crianças e mulheres; direito dos animais; assistência social; promoção da saúde e prevenção; dentre várias outras. O emprego pode estar em falta, mas há muito trabalho a ser feito, por nós - humanos - para nós - a humanidade. Encontre oportunidades no Atados, um dos maiores portais de voluntariado no Brasil.
"[...] ficaremos acordados, imaginando alguma solução, para que esse nosso egoísmo, não destrua nossos corações".