Autoconhecimento e desenvolvimento pessoal são palavras muito usadas e valorizadas atualmente. No entanto, podem significar coisas diferentes a depender da pessoa que as usa. Por exemplo: um ano sabático ou aceitar o desafio de correr uma maratona. As duas propostas podem ser consideradas projetos de autocuidado e desenvolvimento pessoal.
O primeiro livro que me chamou atenção para esses conceitos foi "Comer, Rezar e Amar". É uma obra muito conhecida e até conta com uma adaptação cinematográfica estrelada por Julia Roberts. Recomendo os dois: a leitura e o filme. Confira o trailer:
Trata-se de uma história real e comum. O roteiro é popular: a crise existencial. Para alguns chega aos 30, para outros aos 50, alguns sortudos a escapam. Muita gente encara a vida como uma espécie de roteiro: crescer, estudar, casar e trabalhar, ter filhos, aposentar-se e, finalmente, cumprir sua missão. Porém, em algum momento o roteiro deixa de fazer sentido, começa a surgir em nós uma necessidade de autenticidade: fazer algo excepcional, ser único.
Então, revisamos nossa trajetória com desdém, procuramos um culpado, questionamos se as decisões tomadas foram realmente nossas, ou de outros. Nessa hora as palavras autoconhecimento e desenvolvimento pessoal ganham um apelo maior, atraem atenção. Elas despertam uma esperança e prometem respostas para as aflições da existência.
Em momentos de vulnerabilidade o comportamento torna-se mais imprevisível e argumentos racionais nem sempre são persuasivos. Uma pessoa em crise de ansiedade alimenta medos poucos prováveis e toma atitudes baseadas nisso. As críticas, por mais bem intencionadas que sejam, são recebidas como ofensas pessoais.
Comunicação! Parece algo simples, mas não é. Comunicar-se com pessoas passando por crise existencial não é tarefa simples. O mais recomendável é que isso seja feito por um profissional. Porém, nem sempre aceitamos ou temos condições de procurar ajuda. O desafio nesse processo é a habilidade de ter empatia com o sofrimento do outro, sem julgar. Por isso, familiares e amigos próximos não são boas alternativas para esse tipo de conversa. É necessário um território e um interlocutor neutros.
Autoajuda é uma opção viável. Presentear alguém ou a si mesmo com um material já lido/ conhecido (ou recomendado por pessoas de confiança) pode ser uma boa estratégia de solidariedade. Como a pessoa receberá e se ela de fato irá ler/ consumir o conteúdo, isso está fora do alcance de terceiros (profissionais ou não).
Autoconhecimento é uma escolha pessoal e deve ser tomada por livre arbítrio. Pais que forçam os filhos a fazer terapias ou companheiros que fazem chantagem para convencer o outro a aceitá-las não estão agindo com respeito. Deixar claros certos limites é importante, sem que isso represente invadir a autonomia dos outros. Ter maturidade é ser capaz de assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas; educar é auxiliar alguém a alcançá-la, protegendo quando indispensável.
Como dito anteriormente, autoconhecimento deve ser uma escolha livre e o compromisso com desenvolvimento pessoal não é diferente. Cada um segue um caminho diferente e adota estratégias particulares para isso. Portanto, os três passos apresentados aqui são apenas sugestões e não pretendem esgotar nem eliminar outras alternativas
Se o objetivo buscado autoconhecimento e desenvolvimento pessoal tem como finalidade ser mais esperto e aprender a manipular e tirar vantagens de outras pessoas, isso não é saudável nem correto. O remorso gera sede de vingança contra os ofensores, é natural, e também é tóxico e venenoso. Portanto, tenha claro quais os objetivos pretendidos nessa jornada e certifique-se de que são bem intencionados.
Alimente sua mente com conteúdos edificantes. Quando aprendemos algo novo e expandimos nosso horizonte percebemos quantas coisas interessantes o mundo e a vida tem para oferecer. Por exemplo, lendo boa literatura é possível identificar-se com personagens ou biografias que enfrentaram sofrimentos parecidos com os nossos e superar a falsa crença de que ninguém é capaz de compreender o fardo ou que ele apenas acontece conosco. Não existe linha de chegada, ninguém jamais termina de aprender.
Autonomia, responsabilidade e maturidade são todos aspectos do desenvolvimento pessoal. Não confunda autonomia com auto suficiência. Como diz a canção "é impossível ser feliz sozinho". Sentir-se capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia, de conquistar objetivos e realizar sonhos é o que motiva a ação. Quando duvidamos de nós mesmos criamos laços de dependência dos outros ou de coisas materiais; assim, ficamos mais vulneráveis à frustração. A incerteza é parte da vida, ninguém controla o destino e não existem garantias absolutas, apenas a morte. Isso não é motivo para desistir, ao contrário, serve para dar valor a vida, ao presente. A primeira lei da economia diz: "o valor vem da escassez". O tempo é o recurso mais valioso, use-o da melhor forma possível.
Como despedida, deixo a recomendação do artigo "Autocuidado não é indulgência, é disciplina", escrito por Tami Forman para Forbes em 2017 e traduzido para português por este blog.