Mais um ano chega ao fim e a temporada de retrospectivas começa. Desde 2017 propus a mim mesma o desafio de ler ao menos um livro por mês, além daqueles relacionado com estudo ou trabalho. De lá para cá essa meta tem sido cada vez mais fácil de cumprir e comprava-se um bom hábito.
Além de livros, procuro inserir conteúdos relevantes e edificantes no meu dia a dia e com isso torná-lo mais rico. O conhecimento e o trabalho bem feito por nós e pelos outros são as únicas coisas que não nos podem ser tirada. Como diz Cora Coralina em seus versos: "Bondade também se aprende". Sejamos, então, cada ano um pouquinho melhores.
Deixo aqui a lista das obras que me ajudaram a terminar 2021 com uma versão sutilmente melhor que 2020. Não farei um ranking, pois seria injusto e difícil, então elegi cinco para cada categoria de "Melhores".
A lista reflete o conteúdo que eu mais gostei de descobrir ao longo do ano, não necessariamente produzidos em 2021.
Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles: este livro conta a história de Virgínia, escrito por uma imortal da Academia Brasileira de Letras. Confira a resenha.
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto: este livro é uma crítica social pertinente, atual (apesar da idade da obra) e incrivelmente útil para compreender os mecanismos do "Estamento", em forma de romance, no Brasil. Confira a resenha postada esse ano.
A Condição Humana, de Hannah Arendt: um tratado de filosofia sobre o que faz este planeta o domínio dos humanos. Além disso, coloca em dúvida a ideia de progresso evolutivo e nos desafia a refletir sobre como ser mais humano. Também tem a resenha, confere lá.
História da Riqueza no Brasil, de Jorge Caldeira: novamente, Caldeira na lista dos melhores. Excelente compilado sobre as políticas econômicas e seus efeitos no país de 1500 até meados dos anos 2010. A resenha deste livro está sendo produzida aos poucos, as partes já revisitadas estão no post, que será atualizado periodicamente, acompanhe e leia a obra completa.
Grandes Sertão Veredas, de Guimarães Rosa: demorei demais para ler um dos mais prestigiados autores nacionais e sua obra-prima. Dessa leitura ainda não há resenha, mas adianto, o título é merecido. O Oscar, que não veio, teria sido pouco.
Estado da Arte, de Marcelo Consentino: episódios sobre vários aspectos da cultura ocidental e brasileira. Obras e autores são analisados com profundidade, contando sempre com convidados especialistas em cada tema. Para citar Ferreira Gullar: "A arte existe porque a vida não basta".
Noites Gregas, de Cláudio Moreno: episódios sobre os personagens da mitologia que compõem a Odisseia, de Homero. O professor é extremamente cativante. Sinto-me como se estivesse ouvindo, sob o cair da noite, um grande sábio narrar as histórias dos antigos, transmitindo a sabedoria acumulada para as gerações seguintes.
Fluidité, de Fabien Sausset: episódios feitos para estudantes de francês como língua estrangeira. Aspectos da história e da França são apresentadas de forma acessível por um profissional poliglota autodidata, experiente e dedicado ao aprendizado de idiomas.
Direito e Economia, de Ana Frazão Nery: em cada episódio a docente da Universidade de Brasília recebe um convidado especialista para comentar, profunda e criticamente, um dos temas em pauta nas agendas e noticiários de política e economia nacionais.
The Global News Podcast, da BBC: uma das agências mais antigas de notícias oferece, gratuita e diariamente, o resumo dos principais acontecimentos ao redor do globo elaborada por seus profissionais, de presença global, editados com todo rigor e critérios dignos do "selo BBC".
Talks at Google: autores e profissionais de destaque em diversas categorias são convidados a comentarem suas obras e/ou trabalhos em uma conversa com colaboradores da gigante da tecnologia. Cada categoria possui seu símbolo para facilitar a navegação por interesses e incluem: arte e cultura; autores publicados (e mais vendidos); negócios e empreendedorismo; gastronomia; economia; entretenimento; meio ambiente; esportes e exercícios; saúde e bem estar; história; liderança; política; ciência; e tecnologia. Explore, vale seu tempo e seu algoritmo vai passar a fazer recomendações melhores depois dessas visualizações.
Only Human: os seres humanos são uma espécie surpreendente. Diversos hábitos, culturas e tendências "humanas" dos mais variados lugares do mundo são explorados em vídeos curtos neste canal, parte do Little Dot Studios Networks.
The Panama Papers: documentário que explora o escândalo decorrente do vazamento dos documentos do Panamá, reveladores de uma cadeia global de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo importantes famílias, firmas e personalidades. Disponível no Amazon Prime. Um filme "inspirado em fatos reais", com narrativa semelhante a obras de ficção, sobre o mesmo tema é Laudromat (A Lavanderia), também recomendo e disponível na concorrente Netflix.
Molly's Game (A Grande Jogada): filme baseado no livro auto biográfico de Molly Bloom, uma atleta olímpica que fez fortuna como empresária de pôquer em Las Vegas e, em pouco tempo, envolveu-se em jogos mais perigosos com magnatas de Wall Street e agentes do FBI.
Adam Grant's "languish": não poderia deixar de incluir na lista um vídeo do TED Talks, projeto do qual sou fã, membra e voluntária. Nesta palestra, o psicólogo organizacional Adam Grant relata sua experiência com isolamento, produtividade no trabalho e relacionamento com amigos e familiares. Sentir-se um lixo sob essas condições extremas impostas pela pandemia é absolutamente normal. A boa notícia é: isso pode ser superado. Usando emprestado o slogan de uma rádio famosa: "em 15 minutos, sua vida pode mudar".
Legião Urbana: nenhuma novidade para uma brasiliense altamente influenciada pelas tendências musicais da geração dos pais.
Charles Brown Jr.: tem gente que traduz nossos sentimentos e alma em canções, desconfio fortemente que Chorão foi uma "alma-irmã" minha.
Tulipa Ruiz: gosto de letras poéticas e melodias suaves, nem só de rock vive uma JBL.
Yamandu Costa: aquele instrumental brasileiríssimo e gostosinho para ler, trabalhar e estudar.
Carla Bruni, Zaz, Adele, Alanis Morissette: existe uma Millennial no fundo do meu ser, fã das músicas que marcaram os anos de juventude (ainda em voga, pois ainda não trintei!)